Eu sei. Parece tão fácil tocar e cantar ao mesmo tempo. Aquele músico amigo faz isso com tanta tranquilidade e ainda faz cara de feliz. No entanto, seus dedos teimam em não fazer o que seu cérebro está mandando. E pior: quando os dedos fazem, a boca não acompanha. Por que isso acontece? Vamos falar um pouco sobre esse assunto e vamos dar algumas dicas para facilitar seu caminho de aprendizado.
Eu estou partindo do princípio de que as pessoas interessadas neste post ainda estão na fase inicial de aprendizado do instrumento. Portanto, se algumas dicas aqui listadas parecerem óbvias, saiba que é proposital, ok?
Existe uma verdade que separa as pessoas que nunca tentaram tocar um instrumento das que já o fizeram ou fazem: as primeiras enxergam talento onde as segundas vêem disciplina, perseverança e esforço.
De fato, quando você vê algum músico tocando com tanta facilidade e se expressando de maneira tocante, saiba que por trás daquela cena, invariavelmente há sangue, suor e lágrimas. Mesmo entre aqueles que tem um talento ou facilidade excepcionais, o esforço é o componente que lapida toda a técnica que você está presenciando.
Em outras palavras, é inegável que existem pessoas que tem mais aptidão para música e essa habilidade vai facilitar seu caminho de aprendizado. Mas ficar deitado assistindo a Sessão da Tarde não vai fazer o cara mais talentoso do mundo se transformar num grande músico.
Portanto, pode ir arregaçando as mangas para colocar em prática alguma técnicas que podem te ajudar em muito a cantar e tocar seu instrumento ao mesmo tempo.
Devagar se vai ao longe
Tocar um instrumento, necessariamente, significa ensinar a seu corpo uma infinidade de movimentos que ele ainda não sabe fazer. E algumas coisas precisam ser entendidas:
1. Tenha paciência: seus músculos, nervos e tendões. Eles estão fazendo o máximo para atender aos pedidos do seu cérebro.
2. Comece devagar: e quando eu digo devagar, estou querendo dizer: MUITO DEVAGAR. MAIS DEVAGAR AINDA! Cada um dos movimentos que você está tentando fazer precisa ser minuciosamente observado e vigiado. Lembre-se: seus dedos ainda estão em fase de aprendizado. Então comece bem devagar e, na medida em que você percebe que os movimentos vão sendo realizados com mais facilidade, aumente a velocidade.
3. Separe a música em trechos pequenos: sim, você deve estudar isoladamente cada um dos movimentos que são exigidos naquela música. E, na medida em que cada um deles é assimilado, você vai, aos poucos, juntando todos os pedaços até que consiga tocar a música toda em sequência.
4. Saiba qual é o elo mais fraco da sua técnica: você sabe que uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco, certo? Na execução de uma música, o elo mais fraco é justamente o trecho em que você precisa tocar mais devagar. Ou seja, não adianta tocar 90% de uma música numa velocidade se nos 10% de alguns trechos da mesma você precisa tocar mais devagar. Isso vai soar bastante estranho. Toque a música numa velocidade que pode ser mantida ao longo de toda a canção. Com treino e disciplina, em pouco tempo você vai estar tocando a música toda na velocidade adequada.
5. Devagar não quer dizer pior. Rápido não quer dizer melhor: a grande função da música é emocionar as pessoas. Isso sempre deve ser lembrado por quem está tocando um instrumento. Dessa maneira, se você estiver em seu quarto estudando e aumentar a velocidade de execução como um artifício para melhorar sua técnica, tudo bem. Mas sempre é importante lembrar que nem sempre uma música soará mais agradável e tocante pelo simples fato de estar sendo tocada numa velocidade mais alta.
6. “Ele faz parecer tão fácil”: isso mesmo, quando você estudou a ponto de fazer com muita facilidade é o que você vai ouvir. De fato, o primeiro passo do aprendizado de um instrumento é pagar o pedágio técnico, ou seja: adquirir a técnica necessária para tocar determinada música. A partir do momento em que isso acontece, você passa a se preocupar menos com a técnica e mais com a sua interpretação. Pode acreditar: aí a coisa fica muito legal. Porque, como já dissemos, você passa a emocionar as pessoas que o ouvem.
Por falar em emocionar as pessoas, temos um incrível artigo que trata o assunto com maestria. Vai lá pra conferir:
Toda música é uma história. E você decide como vai ser contada
Finalmente, a voz
Depois de saber muito bem como tocar uma música (memorizar os acordes, os movimentos necessários para trocar de um acorde para outro, o ritmo, etc) aí chega a hora de colocar a cereja no bolo: cantar a música. E, acredite: por mais que tenha sido trabalhoso até agora para aprender a tocar a música, é provável que o mais importante venha a seguir.
Porque a maioria das pessoas presta mais atenção ao canto do que ao instrumental. Não vamos aqui entrar no mérito de técnicas de canto, mas podemos dizer que o aparelho fonador é composto também de uma série de músculos que precisam ser devidamente treinados e, para isso, nada melhor do que encontrar um bom professor de canto.
Quanto ao processo de aprender a cantar enquanto toca, é mais ou menos parecido. Ter paciência, começar devagar, separar a música em trechos menores, estar atento à velocidade na qual você toca e canta bem.
Tudo isso se aplica ao processo de tocar a cantar. Agora, uma coisa que pode facilitar bastante é decorar a letra. Afinal, se no momento de tocar você não tiver que ler o que deve ser cantado, já vai ajudar bastante.
No mais, é treinar, soltar a voz e agitar a festa. Ah, é o mais legal: colocar todo mundo pra cantar com você. Boa sorte!
Escrito por Moisés Seba Neto
Sócio fundador do Grave Online, responsável pela pré-produção, atendimento ao artista e um incrível guitarrista de mão cheia.
Respostas de 2
BOA TARDE muito bom obrigado.
No começo foi um desafio muito grande tocar e cantar ao mesmo tempo. Acho que a dificuldade é a mesma para todos os instrumentos, porém admiro bateristas que tocam e cantam. Concordo com esse post em todos os aspectos, só vamos aprender treinando. E na internet existem muitos conteúdos bem legais pra gente que tá aprendendo a cantar ou tocar um instrumento musical.